27 de fevereiro de 2012

Tirado do Blog Marinho Borges

Palavras e afectos em torno de Resende

Segunda-feira, Fevereiro 27, 2012

Anselmo Borges falou em Coimbra do “Tempo, Escatologia e Apocalipse”

  Esta comunicação teve lugar no passado sábado, dia 25 de Fevereiro, no Hotel D. Dinis, no âmbito do 26.º Encontro de Filosofia (subordinado ao tema “Filosofia & Fins do Mundo”), organizado pela Associação de Professores de Filosofia. 
O fim do mundo, previsto no calendário maia para o próximo solstício de Inverno, que ocorrerá em 21 de Dezembro, deu o mote para a palestra. Mas mais que o fim do mundo, os Maias falam do fim de um mundo. Exemplos não faltam. Quando um homem morre, assistimos ao fim de um mundo. O mesmo sucedeu nas mudanças ao longo da história, com ciclos de fim de um mundo. O desaparecimento de uma língua (com a morte do último falante) representa também o fim de um mundo.
Entrando no tema do tempo, citou o aforismo de Santo Agostinho “se não me perguntarem o que é o tempo, então eu sei o que é o tempo; mas se me perguntarem o que é o tempo, então eu não sei o que é o tempo”,  desenvolvendo os vários conceitos de tempo:   tempo digital,  tempo cronológico,  tempo kairológico,  tempo “grego” e  tempo “bíblico”.
Qual é a conexão entre o tempo e a eternidade? O que é deixar o tempo e passar à eternidade? É possível esperar?, perguntou. No termo é que posso saber o que sou e ter uma resposta, disse. “A história deve ser lida do fim para o princípio; o processo da história ainda não transitou em julgado”, afirmou.
Nesta sequência, clarificou os conceitos de escatologia e apocalipse, tendo referido, designadamente, que a escatologia trata das últimas coisas, devendo as mesmas para o cristão ser lidas à luz da esperança, e que o apocalipse não é um livro de anúncio de catástrofes, como vulgarmente se pensa, mas antes um livro escrito com o propósito de dar força aos cristãos num tempo em que lhes era movida uma feroz perseguição.  A propósito e em conexão com estes temas, falou ainda de milenarismo, juízo final, inferno, purgatório e ressurreição.
Afirmou que para o crente a morte não tem a última palavra; não é a aniquilação. A ressurreição representa a vitória da luta contra a indignidade; a ressurreição é uma exigência que se coloca sobretudo no plano moral como resposta às vítimas da ignomínia, do horror, da injustiça.
Terminou dizendo que a esperança cristã está em sintonia com a teoria da evolução (“admira-me como foi objecto de tanta desconfiança e animosidade por parte da Igreja”), que aponta para um sentido, e não para o absurdo. “Quem ama profundamente a vida anseia pela vida eterna”, rematou.
P.S. A comunicação foi sendo percorrida por sínteses do pensamento (e enriquecida com bastantes  citações)  de muitos filósofos e teólogos relativamente aos temas em análise, de que não é possível dar conta neste espaço.
Publicado por Marinho Borges Às 20:10

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